letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
09
Nov 12
publicado por RAA, às 21:07link do post | comentar | ver comentários (2)

A espera que se está a organizar a Angela Merkel tem este significado: em Portugal há um governo de marionetas. O presidente da República tem sido politicamente irrelevante neste mandato (só não o foi quando se tornou promotor duma jacquerie contra Sócrates, que como se sabe, atentara contra o Estado de Direito e o leite com chocolate). O Parlamento, apesar da captura pelos partidos dos interesses e pelos interesses dos partidos, deu prova de vida, ao suscitar (algum PS+BE) fiscalização do Orçamento pelo Tribunal Constitucional, algo que provavelmente irá repetir-se.

Eu gosto de pensar que a circunstância de pertencermos à UE, onde nunca poderemos deixar de estar enquanto ela existir, nos dá pelo menos a prerrogativa de uma dignidade institucional igual à de qualquer outro estado membro. Não sendo assim (como não está a sê-lo), em vez de nos portarmos como cidadãos alemães, devíamos desviar a manif para a representação da UE em Lisboa; exigir que  Presidente da República justifique o cargo que exerce, sendo a voz (audível) do nosso descontentamento. Quanto ao Governo é cá que devemos tratar dele.


17
Out 12
publicado por RAA, às 13:36link do post | comentar

«A venda da arca foi mais um crime de lesa-património nacional, pela incúria analfabeta do costume. De Pessoa tudo é importante: dos manuscritos aos sapatos. Seria imaginável, nos dias de hoje, atitude semelhante em relação a um objecto (e não é um objecto qualquer -- é a "mítica" arca! -- que tivesse pertencido a Mozart, a Picasso, a Tólstoi?... » Escrevi na petição, encontrada no blogue Um Fernando Pessoa. Assinem.

Por altura do crime, escrevi isto.


19
Jan 12
publicado por RAA, às 19:31link do post | comentar | ver comentários (2)

     As nossas sociedades estão sob um violento ataque do capitalismo argentário, sem escrúpulos nem rosto. A única resposta séria é política -- que não se verificou por vários motivos, entre os quais a fraqueza das lideranças europeias (Merkel, Sarkozy, Berlusconi, por razões diferentes) e os interesses divergentes do país de Cameron, a outra grande potência da UE.

 

     Neste contexto, em que os países periféricos (ou não) procuraram passar por esta crise como por entre os pingos da chuva, abdicando de se concertarem, ganhando algum músculo político, remetendo-se a um isolamento receoso do contágio da lepra grega -- neste contexto Portugal não risca nada, é irrelevante.

 

     Bem podemos nós vociferar e ir para a rua -- e devemos fazê-lo, apesar de tudo -- que o governo, acolitado por boa parte do PS, toma as medidas que lhe dá na gana. E não é uma greve geral realizada em mês de subsídio de Natal que o vai demover, tanto mais, que o PC e o BE tiveram uma votação residual, e as ordeiras e «enquadradas» manifs do PC e da Inter não assustam ninguém. Logo, no nosso isolamento europeu e na fraqueza  da esquerda contestatária, estamos nas mãos dos interesses financeiros, interpretados domesticamente por um alienígena leve e fresco como o ministro da Economia ou por um contabilista de cálculo indiferenciado como o ministro das Finanças.

 

     A decisão, difícil, da UGT, do tipo vão-se os anéis mas fiquem os dedos, talvez tenha sido, apesar de tudo, a menos prejudicial para quem trabalha. Concedo que a CGTP não poderia nunca ter assinado aquele acordo, mas como daí não retirará as ilações que se imporiam -- contestação a sério na rua, como o fizeram os gregos (sem resultados, na sua solidão, reconheça-se...), o mais que tem a fazer é: ou vir a terreiro, levantar barricadas e passar ao ataque -- ou, na sua impotência,  não vir com o insultozinho fácil e miserável a João Proença, que teve mais dignidade naquela assinatura do que alguns sindicalistas profissionais cheios de garganta -- e só garganta -- que ontem se passearam até São Bento.


10
Jan 12
publicado por RAA, às 22:53link do post | comentar | ver comentários (2)

Nesta história das Maçonarias, só me faz espécie a confusão que se estabelece entre uma entidade digna como o Grade Oriente Lusitano, com história e memória, e umas maçonarias da treta com uma treta de lojas e maçons de treta, criadas há uma dúzia de anos e com exemplos tão dignos como esta cena Mozart/Ongoing ou a lindeza da Casa do Sino/Universidade Moderna. É de propósito? É estupidez? Ou outra coisa? 


24
Dez 11
publicado por RAA, às 01:02link do post | comentar

Eu bem sei que é Natal. Mas depois da pouca vergonha que foi o PCP a apresentar condolências ao povo da Coreia do Norte, vítima da mais abjecta tirania, vê-los a votar contra o voto de pesar pela morte do Havel («Os Verdes», esse insulto à inteligência dos cidadãos, abstiveram-se...), não é só repugnante; dá a medida de como estes gajos não podem (nem nunca puderam) ser confiáveis ou levados a sério na vida democrática. Venham para cá falar da "troika estrangeira"...


16
Dez 11
publicado por RAA, às 18:34link do post | comentar

A poesia puta pede favor

Enfeita-se   faz efeito   quer impressionar.

 

É da barganha a poesia puta

Joga por influência

Rasteja por atenção.

 

«Vejam como é a puta

Que pariu esta poesia puta»

Gostaria ela de não dizer

Mas diz   a poesia vendida.


24
Nov 11
publicado por RAA, às 01:19link do post | comentar

     Deste lado do Atlântico, e do outro também: não apenas a pessoite, mas também a claricite. Normalmente pega-se na adolescência, dá-se bem em gente de poucas letras e caracteriza-se por um estado relativamente prolongado de parvoíce. Em pequenas doses, são benignas (eu, por exemplo, padeço de castrite, doença rara; há quem padeça de saramaguite, de antunite, de helderite); houve, em tempos, quem sofresse de camilite aguda, e até de queirosite, enfermidade que persiste e que já me atacou por mais de uma vez. Como a raiva e a pólio, são patologias debeladas ou sob controlo. A aquilinite foi sempre outra doença rara. Algumas, não tão sintomáticas quanto a pessoite ou a claricite, apresentam-se em estádio intermédio: a eugenite e a torguite, creio que enfrentam alguns antibióticos; a florbelite, após um período de refluxo relativamente prolongado, recrudesce.

     


14
Ago 11
publicado por RAA, às 23:56link do post | comentar
Quando estou em férias, ocorre sempre qualquer coisa fora do habitual, não sei porque diabo. Ora morre uma princesa em fuga, ora se dá um golpe de estado em Moscovo ou as tropas australianas desembarcam em Timor-Leste, entre muitos outros episódios levados da breca. Desta vez foram os motins de Londres e adjacências, que no fundo são metástases desta doença prolongada que atingiu em cheio um paciente chamado União Europeia, e que dá pelo nome de «mercados». 
Eu quero crer que o doente tem ainda capacidade de resposta para debelar esse cancro que dá pelo nome de «mercados». Mas é evidente que com actores políticos de escol, como os que temos tido, que entre o medo de ferir a susceptibilidade do cancro e o afã em ganhar o respeito e a confiança desse mesmo cancro, algo vai acabar mal. Talvez o doente; de certeza os «mercados». 

23
Jul 11
publicado por RAA, às 21:07link do post | comentar | ver comentários (2)
E o que faz um nacionalista norueguês da extrema-direita, xenófobo, cristão, anti-islâmico? Mata noruegueses cristãos...
É a lógica da extrema-direita xenófoba, que nem o meu cão percebe. Nós é que não estamos a ver bem a profundidade daquele pensamento.

14
Jul 11
publicado por RAA, às 00:26link do post | comentar
No JL de hoje, num abecedário pessoal, letra H, de Humor, por Pedro Cabrita Reis: «[...] só as pessoas inteligentes têm a capacidade de humor. As que por qualquer razão desistiram de ser inteligentes ou de aprofundar a sua inteligência perderam também essa capacidade. No pior dos casos, tornaram-se sarcásticas, perdendo duas vezes a inteligência.»
 É verdade, digo eu, que aqui  me tenho queixado das minhas oscilações entre o ironista e o sarcasta, com  pendor para este último estado, tão desgastante que só posso ser burro.

Eugénio Lisboa, na sua coluna «Pro memória»: «Basta que um clerc de grande prestígio (merecido ou não) declare uma obra "genial", ou apenas "deslumbrante" ou "estimulante", para que toda a arraia miúda se derrame em orgasmos de admiração, que invadem mestrados, doutoramentos e pós doutoramentos.. Absorver a inovação já não requer tempo, meditação, estudo, paciência, leitura obstinada... Damos ao mundo, como se diz por aí [...], um exemplo histórico de não resistência à mudança. Seria belo, se fosse sincero e profundo. Mas sê-lo-á?»

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