letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
13
Out 12
publicado por RAA, às 15:29link do post | comentar | ver comentários (2)

Tenho visto algumas perplexidades relativamente à atribuição do Prémio Nobel da Paz à União Europeia. Muitas vezes acompanhadas de imagens eloquentes de cargas policiais ou referentes à situação terrível por que passam os países intervencionados pela troika.

A verdade é que a Academia Norueguesa, ao tomar a decisão, não esteve a pensar em Merkel, Passos Coelho ou Durão Barroso, como é óbvio (como de resto não pensaria em Willy Brandt, Wilfried Martens ou Jacques Delors, nomes muito mais simpáticos).

 

O que o Nobel pretendeu distinguir foi uma ideia, velha ideia, secular ideia de concórdia e paz universal entre os estados. Nunca na história da humanidade se foi tão longe numa integração pacífica entre nações, tantas delas desavindas por centenas de anos de guerra, miséria e morte. É a grande utopia a desenrolar-se diante dos nossos olhos e a decorrer durante as nossas vidas. Como todas as utopias terá, tem, efeitos perversos -- muito menos, incomparavelmente menos, porém, que todas as utopias que foram postas em prática ao longo dos tempos  -- desde logo a utopia comunista bolchevique, ainda bem fresca na nossa memória, rapidamente transformada na distopia do gulag, no universo concentracionário do 1984, de Orwell...

 

Quando os noruegueses (que nem sequer integram a UE) vêm distinguir com o prestígio do Nobel uma ideia, um projecto, uma utopia, num momento em que ela passa por grandes dificuldades -- talvez a maior crise da sua curta história --, esta foi sem dúvida a melhor altura para o fazer, apanhando toda a gente desprevenida. O que eles demonstraram ao mundo foi, enfim, a sua lucidez, a sua sabedoria.


23
Abr 12
publicado por RAA, às 00:15link do post | comentar
Foto de Damir Sagolij. vencedora do World Press photo 2012, categoria "Vida Quotidiana».
Kim Il-Sung vela os infelizes. Uma boa ilustração do pesadelo orwelliano.

01
Jun 11
publicado por RAA, às 20:45link do post | comentar
Não vale a pena, francamente, gastar muito latim com o PCP. Ideologicamente firme, com a firmeza de uma seita,  a sua perversão doutrinária, para quem tivesse dúvidas quanto à teoria, já foi demonstrada na prática, através de todas as uniões soviéticas, chinas, albânias, cubas e coreias do norte deste mundo. O marxismo-leninismo faz-me lembrar a santa madre igreja e a sua inquisição, quando impunha a fogueira como penitência; neste caso, em nome de um horizonte social beatífico, foram impostos os regimes mais repressivos e tirânicos que o século XX conheceu, com excepção do nazismo (nada se compara com o nazismo). Como disse o Júlio Pomar quando acompanhou Soares em visita à URSS: "ver para descrer". Mas nem é necessário ir ver: basta ler, do pensamento e prática intolerantes de Marx, ao Avante! do mês passado, a propósito da questão síria; ou, se quiserem, ler o Orwell, o Koestler, o Soljenitsine... Não mudaram, não querem mudar. Estão no seu direito; mas numa sociedade livre serão sempre residuais.

06
Jul 05
publicado por RAA, às 02:30link do post | comentar
DE CORPO INTEIRO

Para o Eduardo Lourenço

Era só não amar que não podia
o rio certas cidades ruas a infância
e a espanha de george orwell e outra frança
línguas mortas e estrelas que nasciam

despedaçado em quantas não sabia
partes de si de corpo inteiro ou campos
onde o mundo flutuava ao fundo e em branco
de novo na distância desabrida

que os dias idos sem fim iam rasgando
de regresso à sua frente enquanto havia
em cada rio sempre outra encruzilhada

lá onde morria o seu amor de tanto
querer sem resto arder em quanto amasse
pois era não amar que não podia

O Mar a Bordo do Último Navio

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