letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
20
Set 06
publicado por RAA, às 22:58link do post | comentar
JANEIRO 74

toda a noite eu podia ouvir os comboios
e sabia que as grandes fomes estavam a chegar.

todas as palavras eram já estranhas
e era tempo de partir --

uma extrema solidão marcava a minha vida.

nunca fora tão insuportável a tua morte
nem tão longínquos os pequenos barcos do rio.

as minhas mãos cheiram fortemente a tabaco.
frenéticas e magras
dir-se-iam que esperam o teu regresso ou o sol
ou a tua cabeça serena.

nada poderá valer-nos.

tarda a Imensa Revolução
e os belos pensamentos ardem em nossas cabeças
afinal tão infantis.

em 1974 eu podia ouvir os comboios toda a noite.

da janela aberta de um 4.º andar suburbano
sob um céu pardo de inverno
eu avançava possuído de terror na minha insónia.

abandonara os poemas e as comovedoras histórias da Galileia.

por vezes bebia demasiado
dava longos passeios e gostava de futebol.

toda a noite eu ouvia os comboios seguirem para o norte e
para o sul
e sabia que as grandes fomes estavam a chegar.

Deste Lado Onde

publicado por RAA, às 22:46link do post | comentar
Posted by Picasa

24
Jan 06
publicado por RAA, às 18:18link do post | comentar
E NA HORA

Quase tudo se passa em surdina
como uma trepadeira que sobe sem se ver
e se deita no verão das ribeiras e dos terraços,
não aqui, mas
em naturezas menos mortas,
menos rarefeitas pela solidão do ar.

Junto às lareiras cuja lenha ainda verde
estala em murmúrios ancestrais,
e em estranho idioma talvez nos diga que
os crimes se iniciam na sedução do lume,
ao longo de veias que ambicionam um ritmo
mais veloz,
mais de acordo com as leis do sangue e da
terra,
sem escutar o eco nas regiões de eterna
penumbra
nos convoca para o sepulcro,
vamos cumprindo a tua vontade, a tua
dádiva cruel,
Senhor.

Agora e na Hora da Nossa Morte

publicado por RAA, às 18:16link do post | comentar | ver comentários (2)

28
Abr 05
publicado por RAA, às 12:56link do post | comentar
A febre volta, e demora-se.
Nada podes contra os desígnios da carne mortal.

Febre

publicado por RAA, às 12:55link do post | comentar
José Agostinho Baptista Posted by Hello

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