Num daqueles longos almoços aos domingos
No inverno, na última folha do calendário
Olhava em frente para o largo estuário
E via a chuva triste -- os primeiros pingos
Havia um barco em desespero à procura
Dum porto seguro ou talvez duma solução
E não era fácil entre o olhar e o coração
Abrir comportas na barragem da ternura
Havia uma mulher do outro lado da mesa
Talvez demasiado atenta ao que eu dizia
No transporte do prestígio de alguma poesia
Que apenas contabiliza uma grande tristeza
Havia ligeira agitação entre o rio e o mar
Repetida na toalha mas tão de mansinho
Fazia poemas nos guardanapos, meu caminho
Na distância que vai do coração ao olhar.
Universário