letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
21
Ago 11
publicado por RAA, às 02:08link do post | comentar
FADO

Chegam desamparados a estas baías extensas.
E contudo, Rossio, por muito que lhes custe,
nada têm contra ti. Descem dos bairros,
abrem caminho, sentem a areia. Invertem
o percurso ao fim da tarde, o silêncio
acumulado, as normas secretas e restritas
que guiam de algum modo as suas vidas.

São criaturas fascinantes estes velhos,
conseguem transportar pesos enormes.

Mar Largo / Resumo -- A Poesia em 2009
(escolhido por José Tolentino Mendonça)

07
Abr 11
publicado por RAA, às 00:13link do post | comentar
Invadiu-me um sensação de calma,
de tristeza e de fim.
VIRGINIA WOOLF

Ao teu lado, mudo.
Suponho que pousei a mão
No teu ombro, não sei,
Ausentes ambos,
Tu do ombro, eu da mão.
Lá fora, não muito longe
Do vidro, a manhã passa
E é calma, tristeza, fim.

Últimos Poemas / Resumo - A Poesia em 2009
(escolha de José Tolentino Mendonça)
imagem daqui.

16
Fev 11
publicado por RAA, às 23:02link do post | comentar | ver comentários (8)
Tudo o que o meu pai me disse quando, aos 15 anos,
declarei em família que iria começar a escrever poesia

                                                                     «Antes
                                                                     de te sentares
                                                                     à mesa
                                                                     lava bem
                                                                     essas mãos.»

Resumo -- A Poesia em 2009
(escolha de José Tolentino Mendonça)

29
Jul 06
publicado por RAA, às 23:47link do post | comentar
o terror que temos / de certos encontros de acaso
José Tolentino Mendonça

13
Set 05
publicado por RAA, às 19:30link do post | comentar | ver comentários (4)
UMA COISA INOCENTE

Estendi a mão por qualquer coisa inocente
uma pedra, um fio de erva, um milagre
preciso que me digas agora
uma coisa inocente

Não uses palavras
qualquer palavra que me digas há-de doer
pelo menos mil anos
não te prepares, não desejes os detalhes
preciso que docemente o vento
o longínquo e o próximo
espalhe o amor que não teme

Não uses palavras
se me segredas
aquilo que no fundo das nossas mentiras
se tornou uma verdade sublime

De Igual para Igual

26
Jun 05
publicado por RAA, às 03:36link do post | comentar
UMA COISA A MENOS PARA ADORAR

Já vi matar um homem
é terrível a desolação que um corpo deixa
sobre a terra
uma coisa a menos para adorar
quando tudo se apaga
as paisagens descobrem-se perdidas
irreconciliáveis

entendes por isso o meu pânico
nessas noites em que volto sem razão nenhuma
a correr pelo pontão de madeira
onde um homem foi morto

arranco como os atletas ao som de um disparo seco
mas sou apenas alguém que de noite
grita pela casa

há quem diga
a vida é um pau de fósforo
escasso demais
para o milagre do fogo

hoje estive tão triste
que ardi centenas de fósforos
pela tarde fora
enquanto pensava no homem que vi matar
e de quem não soube nunca nada
nem o nome

Baldios

publicado por RAA, às 03:35link do post | comentar
Fonte: Diário de Notícias da Madeira Posted by Hello

26
Mar 05
publicado por RAA, às 09:28link do post | comentar
A entrevista ao último JL mostra que um dos nossos maiores poetas é também um humanista, muito provavelmente um ser de excepção. Reconfortante.

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