letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
18
Set 12
publicado por RAA, às 00:28link do post | comentar

da "Nota à 4.ª edição":

*A assunção de uma qualidade particular de romancista: a de «biógrafo [...] das personagens que não têm lugar no mundo».


* O volte-face de um percurso marcado até aí pela perseguição do exotismo e pelas proclamações libertárias para algo de mais profundo e essencial: a busca da dignidade do Homem e de todos os homens, a condição simultaneamente de fragilidade e audácia prometeica que caracteriza o indivíduo ao longo dos tempos. 
* Ter na mão a edição princeps  (1928) e perceber e sentir o que de inaugural teve aquele romance para toda uma literatura que viria a florescer na década de 1940, o neo-realismo, imune, porém à moléstia do sectarismo, armadilha em que caíram outros mais novos do que ele.
* O título, nome colectivo, Emigrantes.

* Romance português mais morto que vivo nesse final de década: naturalismos tardios, pitorescos gastos. Sobravam Aquilino, com muito ainda para dar; Brandão, às portas da morte, de obra rematada e memórias deixadas à posteridade; Teixeira-Gomes, o hedonista exilado e livre, ressurecto para a literatura. O romance psicologista -- que nunca foi estranho à narrativa castriana -- da presença, o Elói de João Gaspar Simões, o notável Jogo da Cabra Cega, de Régio, aguarda(m) vez.

14
Jul 06
publicado por RAA, às 19:05link do post | comentar
Do passado, só me interessa, em arte e literatura, a obra que conservou beleza actual. Assim, esse nome estupendo: «Cartago», no sítio próprio, pouco me diz, além da paisagem onde o lugar persiste. Na solidão do meu gabinete de trabalho, ou nas salas de uma biblioteca, ele parece ganhar em ressonância, e sacudir a poeira dos inúmeros cartapácios que lhe registram a crónica; das suas ruínas pulverizadas, nenhuma «substância» espiritual me assiste.
Miscelânea

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06
Mai 06
publicado por RAA, às 18:03link do post | comentar















Fonte

publicado por RAA, às 17:56link do post | comentar
Para Manuel Mendes

Túnis (posta restante) 4-7-1929


Meu caro camarada: Muitas e muitas vezes obrigado pelo postal que acompanhava o número da «Civilização», onde tive o gosto de ler o seu excelente artigo sobre o Columbano, com a lisongeira passagem que me dedica. Mas sou eu que lhe estou em dívida de uma longa carta, que não sei quando terei o vagar de escrever. Agravou-se-me a preguiça com este ardente verão cartaginês, que atirou comigo para uma pequena praia solitária, de impoluta areia verdadeira, fina e doirada, na qual durmo, sonho e passeio, sem outra preocupação além de casar à frescura da aragem salobra o perfume dos cravos malferidos... -- Até breve -- camarada e admirador,
M. Teixeira Gomes
In Urbano Tavares Rodrigues, M. Teixeira-Gomes -- O Discurso do Desejo

08
Out 05
publicado por RAA, às 16:07link do post | comentar



















Retrato por Marques de Oliveira
(http://pinturaportuguesa.blogs.sapo.pt)

publicado por RAA, às 16:03link do post | comentar
Londres, 11 de Agosto de 1911
Querido Amigo:
Cruzaram-se as nossas cartas de ontem. -- Antes de sair de Lisboa, falando ao Camacho na possibilidade de se lembrarem de mim, em qualquer aperto para a pasta dos Estrangeiros, declarei-lhe categoricamente que nunca a aceitaria, e a haver quem, por tal motivo, me acoimasse de mau patriota, eu recolheria definitivamente ao meu buraco, de onde não sairia mais. Ficou assim o B. Camacho com procuração bastante para decidir o assunto e dou-lhe também a você no mesmo sentido, acrescentando que essa pouca energia e o resto de saúde que eu ainda conservava em Lisboa, se esgotaram quase completamente, tendo hoje como certo que, posto na alternativa de aceitar a pasta dos Estrangeiros, ou dar um tiro na cabeça, preferiria, sem a mínima hesitação, o tiro. Isto é positivo e daqui não haverá influências humanas ou divinas que me demovam. Aceitando o posto que ocupo dei ao País muito mais do que podia e devia dar.
O homem que está indicado para os Estrangeiros é o A. de Vasconcelos. Fala-se nele; é que ele aceita e quer. Com as suas amarras ao Bernardino, ao Camacho e ao Costa, considere-o você já ancorado no Terreiro do Paço. É inteligente, activo e culto; fará portanto bom papel político e de quando em quando operação cirúrgica rendosa, o que também tem importância.
A situação aqui vai de mal a pior. Naturalmente a impressão que eu dou aos portugueses que passam pela Legação é optimista, mas a verdade é que a situação é péssima.
O F. de Andrade, que esteve aqui mais 15 dias e conversou com toda a gente que tem negócios connosco, é da mesma opinião.
Que quer, não se faz coisa alguma para nos aplanar o caminho. Se eu ainda não consegui que se nomeasse vice-cônsul um homem de grande influência e respeitabilidade, que tem aguentado a Câmara Anglo-Portuguesa (atacado por todos os lados pelos nossos inimigos) e nos tem prestado relevantíssimos serviços, entre eles a organização de representações ao Governo inglês para fazer o modus-vivendi no sentido em que o desejamos. Esse homem suspira por essa honra vertiginosa há 10 anos, mas o grande Batalha de todos os Reis, que lhe não convinha por motivos de pecúnia, a existência dum vice-cônsul -- sempre lhe deu para trás e continuará dando. A propósito desse nome faustoso: falei-lhe tempos atrás na esperança que ele acalentava (em família) de ir a ministro dos Estrangeiros. Riu-se você sem dúvida desdenhosamente. Pois riu-se fora de propósito. Ele aduz em favor dos seus direitos, além da brilhante carreira diplomática universalmente conhecida, a circunstância de, aí pelas alturas de 1520 (sic), quando se preparava uma das infinitas revoluções platónicas de que José Elias Garcia e outros tiraram privilégio de invenção, ter sido solicitado para entrar no primeiro Ministério, sobraçando aquela pasta, para o que, expressamente o viera a Londres convidar o nosso tão venerável quanto profético Junqueiro. Dessa vez recusou com a mesma nobreza com que agora a requer.
Queixa-se você do calor e que ainda tem banhas. Já derreti as minhas, de modo que não há perigo de ver a pena escorregar-me pelos dedos, que são verdadeiras tenazes de coiro batido.
Seu do coração
Correspondência I -- Cartas para Políticos e Diplomatas
(edição de Castelo Branco Chaves)

21
Mai 05
publicado por RAA, às 00:27link do post | comentar
Era uma forte rapariga de seus quinze anos, com o desenvolvimento de mulher feita, embora vestindo saia curta; a tez levemente morena ou desse tom mate, que no Norte se contrapõe ao róseo nacarado das loiras e à luz meridional se capitularia, talvez, de alvura láctea; olhos imensos e pretos, da cor do cabelo que lhe caía, solto, sobre as costas, fartíssimo e ondeado como um velo de azeviche.
Deus ex machina - Novelas Eróticas

publicado por RAA, às 00:16link do post | comentar
M. Teixeira-Gomes Posted by Hello

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