letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
08
Jun 12
publicado por RAA, às 00:40link do post | comentar

(Sei que andas por aí, oiço os teus passos em certas noites, quando me esqueço e fecho as portas começas a raspar devagarinho, às vezes rosnas, posso mesmo jurar que já te ouvi a uivar, cá em casa dizem que é o vento, eu sei que és tu, os cães também regressam, sei muito bem que andas por aí.)

 

Manuel Alegre, Cão como Nós, Lisboa, Planeta DeAgostini, s.d.

 


08
Out 11
publicado por RAA, às 23:22link do post | comentar

MANUEL DA FONSECA

 

Soletrar devagar todas as sílabas

no gosto compassado de contar

uma história com seus fonemas lentos

seus milhafres pousados no crepúsculo

suas casas de brancos teoremas.

 

Alentejo devagar.

Como os poemas.

 

Alentejo e Ninguém


01
Jun 11
publicado por RAA, às 20:56link do post | comentar | ver comentários (2)
O PS é o partido da minha área política. Está, porém, cada vez mais parecido com o PSD. Gente com quem me identifico, Ferro Rodrigues, Manuel Alegre, não são mais que flores na lapela de Sócrates. Claro que o meu voto não é determinado por Sócrates. (O que se tem visto por aí em relação a Sócrates é dum patetismo que caracteriza bem este país de futebóis e revistas do coração). 
Tenho vários problemas com o PS. Mas o que agora determina o meu não-voto é a postura de pura desistência, de braços caídos diante de uma situação interna e externa que um partido à esquerda não pode deixar de sinalizar. Em vez disso, o PS mais não quer ser do que o garante do bom comportamento dos cidadãos perante os "mercados", triste figura que o equipara à inanidade contabilista dos cavacos e outras ferreiras leites. Para moderações destas, que mais não são do que uma garantia de domesticação, eu não contribuo.  

12
Abr 11
publicado por RAA, às 14:27link do post | comentar | ver comentários (3)
O que seria engraçado, se não fosse trágico, é que os ingénuos da cidadania que andaram a aclamar a pureza do candidato Nobre, na verdade serviram de idiotas úteis, quer à estratégia do ressentimento anti-Alegre, quer, objectivamente, à rápida reeleição de Cavaco. Depois dos delírios das presidenciais embasbacam-se agora com as últimas novidades. Se o PSD ganhar as eleições, prevejo comédia na Assembleia da República.

09
Abr 11
publicado por RAA, às 19:25link do post | comentar | ver comentários (4)
Com Ferro Rodrigues como cabeça de lista por Lisboa, o meu voto no PS está praticamente garantido. E ainda nem consegui ouvir o discurso do Manuel Alegre...

28
Jan 11
publicado por RAA, às 00:44link do post | comentar | ver comentários (2)
Agora, como há cinco anos, orgulho-me de ter votado em Manuel Alegre.
Aqui fica o registo da sua declaração de derrota, com grandeza.


daqui

17
Ago 06
publicado por RAA, às 20:08link do post | comentar
CANTO PENINSULAR

Estar aqui dói-me. E eu estou aqui
há novecentos anos. Não cresci nem mudei.
Apodreci.
Doem-me as próprias raízes que criei.

Foi a guerra e a paz. E veio o sol. Veio e passou
a tempestade.
Muita coisa mudou. Só não mudou
este monstro que tem a minha idade.

E foi de novo a guerra e a paz. Muita coisa mudou
em novecentos anos.
Eu é que não mudei. Neste monstro que sou
só os olhos ainda são humanos.

Quantas vezes gritei e não me ouviram
quantas vezes morri e me deixaram
nos campos de batalha onde depois floriram
flores e pão que do meu sangue se criaram.

Andei de terra em terra
por esse mundo que de certo modo descobri.
E fui soldado contra a minha própria guerra
eu que fui pelo mundo e nunca saí daqui.

Mil sonhos eu sonhei. E foram mil enganos.
Tive o mundo nas mãos. E sempre passei fome.
Eis-me tal como sou há novecentos anos
eu que não sei escrever sequer o meu próprio nome.

Falam de mim e dizem: é um herói.
(Não sei se por estar morto ou porque ainda não morri)
Mas nunca ninguém me dissse a razão por que me dói
estar aqui.

Praça da Canção

publicado por RAA, às 20:07link do post | comentar

19
Abr 06
publicado por RAA, às 19:08link do post | comentar
Os fantasmas tinham entrado no meu sono, invadido a minha casa no cimo da ternura; os fantasmas eram dono do País. E se eles viessem de repente, a meio da noite, e eu chamasse:
--Mãe!
a voz (tão calma) de minha mãe já nada poderia contra eles. Era um trabalho para mim, uma tarefa para todos aqueles que não podem suportar a sujeição. Eu nunca pude suportar a sujeição. Acaso poderia ter escolhido outro caminho?
Por isso, em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto.
«Rosas Vermelhas»,
Praça da Canção

publicado por RAA, às 19:00link do post | comentar
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