letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
08
Fev 06
publicado por RAA, às 16:05link do post | comentar
(do post frustrado de 6ª feira.)
Não estou muito interessado em saber se a decisão de publicar as caricaturas de Maomé pelo jornal dinamarquês teve por base uma atitude sensacionalista e oportunista. (Nesta altura do campeonato já me são irrelevantes os eventuais propósitos racistas e xenófobos do tal Correio da Jutlândia, por mais odiosos.) O que me importa é a firmeza que a Europa deve demonstrar contra o fanatismo a minar-lhe a casa.
Um bom exemplo dessa firmeza é a controversa «lei do véu» francesa, tão mal vista pelos arautos do politicamente correcto, prontos, em nome não se sabe bem de quê, a subvalorizar a situação das mulheres islâmicas na França dos subúrbios, fortemente coagidas a cobrirem-se, intoleravelmente condicionadas na sua vivência quotidiana, por muito que os activistas islâmicos o queiram negar.
A Europa é uma realidade complexa que se construiu na base do seu autoquestionamento. Dizer Europa é, apesar de tudo, dizer laicidade, pensamento livre. Dentro das suas fronteiras -- nas da União Europeia, pelo menos --, deve opor-se, com todo o vigor, à censura, à chantagem e ao medo. E se em nome da liberdade permite aos muçulmanos que vivem no seu seio o maior respeito pelas suas tradições, não pode mais ser tolerante para com as práticas que colidam com a liberdade de todos os cidadãos, cristãos, muçulmanos, ateus ou animistas. Quem assim não compreender, sendo estrangeiro, não tem lugar entre nós, e terá de ser deportado, naturalmente; se for nacional e se servir das crenças para atentar contra a liberdade dos seus concidadãos, tem de ser criminalizado.
Nas últimas décadas, as nações livres opuseram-se e derrotaram o nazismo, serpente gerada no seu seio; derrotaram uma abstracção para-religiosa denominada comunismo soviético que, pretendendo criar um paraíso na terra para o «homem novo» por si gerado, redundou na monumental mentira dos gulags e da burocracia. O combate terá de ser feito de novo cá dentro, higienicamente, sem guerras de religião nem tiro ao mouro, com toda a firmeza, porém, sem complexos colonialistas, que para esse peditório já muitos países europeus deram! A agitação das massas em fúria provém, é verdade, da manipulação política feita por aqueles a quem aproveita um «Ocidente» mantido em sentido. Os governos dos países com uma larga minoria islâmica terão naturalmente de lidar com sabedoria e prudência em face da turba excitada; mas os instigadores terão de ser reprimidos. É para nós uma questão de sobrevivência.

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