letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
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Out 05
publicado por RAA, às 02:46link do post | comentar | ver comentários (2)
Estou a passear pelos meus blogues favoritos e leio a notícia brutal num texto belo e triste. A Cristina Futscher Pereira, autora de «O Divino Almeida Garrett»
(http://odivino.blogs.sapo.pt/) morreu. Não a conhecia, mas acompanhava o seu Garrett desde que comecei a frequentar estas paragens. Notável o seu trabalho e dedicação. Cheguei inclusivamente a pensar criar um blogue semelhante para o meu Ferreira de Castro. Um dia, quem sabe, talvez siga o seu exemplo. Por agora, fica a minha homenagem e a minha lembrança.

Foto tirada de Arukutipa (http://arukutipa.weblog.com.pt)

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Out 05
publicado por RAA, às 23:15link do post | comentar | ver comentários (3)
Tão calão, meu deus, e estupidamente distraído, que não tive a sensatez de escrever as duas linhas que se me impunham sobre o Jorge Reis, há dias enterrado no Père-Lachaise, e com quem privei várias vezes aqui em Cascais, onde ele tinha uma casa. Que figura!, que histórias!, que cultura!, que vida! O Matai-vos Uns aos Outros, prefaciado pelo Aquilino Ribeiro, é o seu livro mais conhecido, um thriller interessante, a escrita cuidada, noblesse oblige, pois então... Encomendem e leiam A Memória Resguardada (Editorial Escritor): o exílio e a clandestinidade: sobre a nudez forte da fantasia, o manto diáfano da realidade... Jorge Reis (pseudónimo de Atilano dos Reis Ambrósio), militante do PCP nos anos 40, muito indisciplinado ao que parece; sempre compagnon de route; amigo até às lágrimas de Vasco Gonçalves; maçon de grau trinta e... Uma vez convidei-o para falar, numa conferência cá em Cascais, sobre o autor de Andam Faunos pelos Bosques, que ele muito justamente idolatrava. «Paris, berço da língua de Aquilino?», era a pergunta e a tese dessa palestra, noite memorável na velha Torre de São Sebastião (Museu Condes de Castro Guimarães), casa cheia, Aquilino Ribeiro Machado presente, o Jorge Reis a falar sabiamente, apaixonadamente, calorosamente. Durante a conferência tirou uma pequena garrafa de uísque do bolso, e durante toda a sessão, enquanto falava com os circunstantes, tinha-a bem segura nas mãos, despejando de vez em quando o conteúdo no copo destinado à água do Luso.... Esta conferência está publicada, felizmente. O espólio dele -- o Jorge era de Vila Franca de Xira, terra de escritores!... --, espera-se que vá para o Museu do Neo-Realismo, que oportunamente lhe consagrou uma merecida exposição. Lembro-me doutra conferência memorável dele sobre o Dom Quixote, que pelo menos está gravada. Adorava os filetes de pescada do «Correio», na Areia, os melhores do mundo, dizia-me. O Jorge Reis deixou uma grande obra por fazer, notam os comentadores. Em quantidade, certamente. O que se dirá daqui a cem anos do Matai-vos Uns aos Outros e de A Memória Resguardada? Não estaremos cá para ler...

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Jun 05
publicado por RAA, às 22:40link do post | comentar
é do que mais gosto da poesia de Eugénio de Andrade. Quando nasci, já ele era um poeta célebre; quando tomei consciência da obra poética, já ela acusava um excesso de auto-referência -- «sílaba a sílaba», e outros bordões semelhantes; mas a beleza da sua prosa desde logo me conquistou. Nunca mais me esqueci de uma brevíssima passagem de um texto evocativo de Raul Brandão: «Era um poeta -- às palavras estava condenado»... Conheci-o superficialmente: investido, certa vez, de pouco invejáveis funções de representação, fui mostrar-lhe, e ao afilhado Miguel, toda aquela zona fantástica que vai do Guincho à Biscaia, ainda dentro dos limites de Cascais, pouco antes de alcançarmos o Cabo da Roca. Uma vez parado o carro, e calcorreando aqueles ermos ventosos, fiz os possíveis e os impossíveis para que ele não visse uma quantidade inusitada de cachos de bananas a apodrecer, que um javardo qualquer para ali tinha deitado à socapa, sabe-se lá porquê... Fui bem sucedido, felizmente. Daí a dias, recebíamos um testemunho magnífico, que seria publicado numa das revistas cá da terra. O Abencerragem oferece-se um excerto, um pouco mais abaixo, nas «Figuras de estilo».

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Jun 05
publicado por RAA, às 15:35link do post | comentar
Pelo http://almocrevedaspetas.blogspot.com (estou para ver como é que o link sai) soube da morte de Eduardo Teixeira Coelho/ETC/Martin Sièvre, pseudónimo que utilizou. Não é um autor da minha formação, conheço-o mal, o suficiente, porém, para reconhecer à distância o seu enorme talento. Poderia talvez ter sido um nome mais conhecido na Europa da BD se as circunstâncias que lhe condicionaram o percurso artístico (que em grande parte desconheço, para além da desvantagem da nacionalidade) tivessem sido outras. Não obstante, fez parte, este ano, da lista de autores estrangeiros nomeados para um prémio do Festival de Angoulême, o mais importante de todos. Aqui fica uma homenagem.

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