letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
18
Set 12
publicado por RAA, às 00:28link do post | comentar

da "Nota à 4.ª edição":

*A assunção de uma qualidade particular de romancista: a de «biógrafo [...] das personagens que não têm lugar no mundo».


* O volte-face de um percurso marcado até aí pela perseguição do exotismo e pelas proclamações libertárias para algo de mais profundo e essencial: a busca da dignidade do Homem e de todos os homens, a condição simultaneamente de fragilidade e audácia prometeica que caracteriza o indivíduo ao longo dos tempos. 
* Ter na mão a edição princeps  (1928) e perceber e sentir o que de inaugural teve aquele romance para toda uma literatura que viria a florescer na década de 1940, o neo-realismo, imune, porém à moléstia do sectarismo, armadilha em que caíram outros mais novos do que ele.
* O título, nome colectivo, Emigrantes.

* Romance português mais morto que vivo nesse final de década: naturalismos tardios, pitorescos gastos. Sobravam Aquilino, com muito ainda para dar; Brandão, às portas da morte, de obra rematada e memórias deixadas à posteridade; Teixeira-Gomes, o hedonista exilado e livre, ressurecto para a literatura. O romance psicologista -- que nunca foi estranho à narrativa castriana -- da presença, o Elói de João Gaspar Simões, o notável Jogo da Cabra Cega, de Régio, aguarda(m) vez.

08
Jul 12
publicado por RAA, às 18:53link do post | comentar

 

 

A história do dinheiro é a história da nossa vida. É preciso extorqui-lo ao cobre, ao chumbo, à desgraça. As grandes questões não são hoje as questões morais -- são as questões ecomómicas.

 

Húmus (1917)

 

desenho: Alex V.

 


22
Nov 11
publicado por RAA, às 00:22link do post | comentar

 

 Todos os que se lhe aproximam são concordes em afirmar que gera um poder estranho. Dele emana, realmente,  nos primeiros anos de triunfo, um fluido ainda desconhecido, perante o qual todas as vontades se fundem, e que o leva de vitória em vitória, fazendo marchar para a morte aos gritos de -- Viva o Imperador! -- a França em peso numa só vontade. E como prende os homens pelos vícios e pelas paixões, é adorado como nenhum outro déspota o foi. Uma figura assim cobre-se de glória, e nem sequer (não tem tempo) escuta os gritos. Os homens para ele não passam de algarismos: quando muito soma-os. A dor alheia é zero. El-Rei Junot                                


15
Nov 11
publicado por RAA, às 00:00link do post | comentar

Perde horas preciosas de um tempo precioso a incutir energia ao rei idiota e à corte versátil. É de aço. Como todo o homem de estado, vive na falsidade, na mentira, numa atmosfera de suspeições. Atende o que é mesquinho e inútil, os pequenos-nadas, os ditos, as frivolidades, os trapos, as vaidades e os ridículos, o soberano sem miolos, os homens fúteis, os bonecos da corte, e depois arca com a tempestade napoleónica. El-Rei Junot


 

 

 


27
Out 11
publicado por RAA, às 00:12link do post | comentar

Por terra é que é vê-lo agora: a poderosa e antipática figura conserva mesmo no chão extraordinária grandeza. Quando cai é que se lhe mede o tamanho.

El-Rei Junot


24
Out 11
publicado por RAA, às 00:03link do post | comentar

É só da própria desventura que Beethoven constrói, acaso, melodias sublimes? Não, nele congregam-se aspirações remotas, e a desgraça ignorada daqueles a quem esta vida nem mesmo foi dado chorar.

 

El-Rei Junot

 


18
Out 11
publicado por RAA, às 20:14link do post | comentar

O homem tem atrás de si uma infindável cadeia de mortos a impeli-lo, e todos os gritos que se soltaram no mundo desde tempos imemoriais se lhe repercutem na alma. 

El-Rei Junot


09
Set 11
publicado por RAA, às 01:25link do post | comentar
alterno raul brandão e ruy belo
transporte no tempo com el-rei junot
a melhor poesia em grande prosa 
grande poesia que toda a prosa deveria ter

morte e mais morte entre 
tanta vertigem de fim é
possível um frémito de 
felicidade em tanta morte 

só no meio da melhor prosa
e de tão grande poesia

17
Fev 06
publicado por RAA, às 22:13link do post | comentar | ver comentários (2)
Destes pobres espezinhados, revolvidos, nascem as coisas eternas -- húmus, amálgama, protoplasma, espírito lácteo, com que se constroem os mundos. Na vala comum os seus corpos, cansados de sofrer, são a vida da terra: as árvores, o pão, as formas, a seiva esplendente. No infinito é da sua dor que se sustenta Deus.
Os Pobres

publicado por RAA, às 22:05link do post | comentar

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