Um livro infelicíssimo, pura propaganda e da mais básica. Viagem à União Soviética e aos países das chamadas democracias populares. Louvores a Stálin, Jdanov e por aí fora. Muito mal escrito, também. Não parece um livro do Jorge Amado. Não há calor ou alegria; apenas sectarismo e acrítica ingenuidade. Felizmente, o autor retirou-o da lista das suas obras. É, aliás, elucidativo ler o que nas suas memórias, Navegação de Cabotagem (1992) diz a respeito desta obra e do "socialismo surreal" (como já alguém escreveu). Penoso e instrutivo.
ficha: Jorge Amado, O Mundo da Paz -- União Soviética e Democracias Populares, 4.ª edição, Rio de Janeiro, Editorial Vitória, 1953.
incipit: Na porta do pequeno hotel boêmio de Paris, em frente à Sorbonne, abraçamo-nos, entre risos, o romancista argentino Alfredo Varela e eu. Êle partia para o aeródromo de Le Bourget onde havia de tomar o avião para Praga, eu segui para o aeródromo de Orly -- o destino do meu avião era Mouscou. Ríamo-nos porque há cinco dias Varela saía todas as manhãs do hotel, num taxi, para o aeroporto e retornava ao meio dia. A névoa, como um lençol pesado e húmido sobre a cidade, impedia a partida dos aviões.