letras, sons, imagens -- revolução & conservação -- ironia & sarcasmo -- humor mau e bom -- continua preguiçoso
05
Jan 12
publicado por RAA, às 01:19link do post | comentar
Estou a léguas da  questão shakespeareana, uma história cheia de alçapões. A hipótese de Edward de Vere, 17.º  Conde de Oxford tem barbas, mas não conseguiu ainda ser provada, tal como outras. De qualquer modo, isso agora não interessa nada. O que interessa é a verosimilhança da narrativa e (passando ao largo dos pormenores técnicos) os desempenhos notáveis de Vanessa Redgrave (Isabel I) e dos actores que fazem de Oxford, Ben Jonson e Shakespeare. Um filmaço de Roland Emmerich.

09
Set 11
publicado por RAA, às 21:05link do post | comentar
Se eu pudesse ter só um livro, ele seria o Shakespeare completo; se pudesse ter dois, seria esse e a Bíblia. E se fossem três? Aí começam as dificuldades.
O Cânone Ocidental
(tradução de Manuel Frias Martins)

07
Set 11
publicado por RAA, às 23:47link do post | comentar
WWilliam Shakespeare. Shakespeare, escandalosamente simples, foi uma pessoa que viveu e teve a ideia de escrever Hamlet e Rei Lear. Esse escândalo é inaceitável para aquilo que hoje em dia passa por ser teoria literária. Harold Bloom

10
Dez 06
publicado por RAA, às 16:59link do post | comentar
Porto, 11 de Setembro de 1949
Meu prezado e bom Amigo Ex.mo Snr. Roberto Nobre
Na página literária do «Janeiro» de 4ª feira passada veio uma extensa e muito elogiosa notícia crítica do meu livrinho, subscrita pela letra A.; fui lá agradecer, e soube que era do snr. Jayme Brazil, a quem vou portanto agradecer também, para o que pedi a morada dele em Paris.
Mandei um recorte ao Dr. Câmara Reys, nosso comum amigo, e não [sei] se ele lho mostrou, ou se VExª terá visto a crítica no próprio Janeiro. Começa por fazer referências muito generosas às minhas actividades em filologia germânica, e em especial quanto a Shakespeare, acrescentando que me devia ser dada uma bolsa de estudo para estudar e investigar em Inglaterra, e em seguida passa em revista todo o livrinho, com bastante minuciosidade e compreensão. A única nota discordante -- embora também amável -- é chamar «monumental» à minha obra «Shakespeare e o Drama Inglês»; eu reconheço, sem falsa modéstia, que ela é bastante completa, bem informada, actualizada e... muito condensada; mas daí a «monumental», vai um bocado, e quem ler a crítica e conhecer o livro, estranhará talvez um pouco o epíteto.
Mas é uma crítica extremamente bondosa, tanto pela extensão como pelo fundo, e como sei que a devo em grande parte à iniciativa gentilíssima de VEx.ª, é a VEx.ª que primeiro agradeço. Em Outubro irei a Lisboa, e lá fá-lo-ei pessoalmente. Eu tenho andado a traduzir para inglês uns trabalhos de psicotecnia; tive, é claro, que estudar o assunto, e como me deram pouco tempo, o esforço foi grande, e dura há um mês, pouco mais ou menos. O que vale é que me rende uns três contos; é pouco ainda para o número de horas que me levou, mas... pecuniàriamente é melhor que «Os Problemas do Hamlet», que nada me renderam, aliás por proposta minha inicial. Agora gostava de escrever sobre «As tendências actuais dos estudos shakespeareanos», ou coisa parecida -- um tema em que cabia muita coisa; mas tenho actualmente a vida muito embrulhada, e sinto-me velho e cansado, além do que o assunto demandava grande bibliografia, que não sei se poderei obter. «Os Problemas do Hamlet» foram uma deliciosa aventura, em que os livros necessários -- os mais necessários, pelo menos -- foram «vindo pelo ar», sponte sua aparentemente, dos vários pontos cardiais, e as várias-das-peças do puzzle se foram também encaixando por si mesmas nos seus devidos lugares... Mas o que eu pretendia agora é obra de mais vulto: terei eu tempo, forças, paciência e elementos para a levar a cabo?
Mas não abuso mais da sua bondade -- e até Outubro. Renovo os meus mais rendidos agradecimentos, e sou sempre
o de VEx.ª
admirador e amigo muito reconhecido
Luiz Cardim
«Sete Cartas de Luís Cardim a Roberto Nobre»,
Boca do Inferno, n.º 1
(edição de Ricardo António Alves)

26
Nov 06
publicado por RAA, às 16:33link do post | comentar
Bruxelas, 1.º de Março de 1902
7, rue Zinner
Meu caro Batalha
Você não respondeu à minha carta pedindo-lhe conta dos seus fornecimentos à Gazeta, sem dúvida por não ter tido tempo de descobri-la entre a sua imensa papelada. Não suponho que a sua conferência sobre V. H.* lhe tenha tomado mais tempo do que o necessário para escrevê-la (tive um [?] que facilitava assim estas coisas da escrita). Pela notícia demasiado resumida do Daily Chronicle vi que V. coloca o maior lírico dos tempos todos acima de Shakespeare e de Goethe. Hombre!... Não imagina o gosto que tive em vê-lo assim diante de Ingleses como aos vinte anos diante da Opinião. Se vivesse o nosso pobre Queiroz escrevia-lhe decerto uma carta de quarenta páginas, à pena solta.
Sabe que só agora li o Ramires? E com que ternura acompanhei a formação daquela figura e o processo da escrita, descobri movendo-se por entre as almas tipos, a alma do nosso saudoso amigo. Notou V. como nos seus últimos livros entra a paisagem como elemento de emoção, a paisagem como fisionomia e expressão? Foi depois que ele inventou os adjectivos abstractivos e morais, subjectivos, para as coisas sem alma, a que ele emprestava a sua imaginativa. Dez anos mais e saúde, e o Queiroz romperia as barreiras da língua portuguesa, poeta de peregrina inspiração, ainda mais do que artista, que era o que ele queria ser...
Tinha muita coisa para lhe dizer e de repente secou-se-me tudo. Interrompi-me para receber uma visita, que me ensurdeceu. Fica para outra vez.
Escreva-me. Dê as minhas saudades aos seus e receba um abraço do seu amigo do coração
Domício
In Beatriz Berrini, Brasil e Portugal: a Geração de 70
*Victor Hugo

09
Mai 06
publicado por RAA, às 18:52link do post | comentar
É sempre uma desgraça para os vis subalternos acharem-se envolvidos nas contendas de dois poderosos adversários.
Hamlet
(tradução de D. Luís I)

publicado por RAA, às 18:51link do post | comentar

09
Set 05
publicado por RAA, às 15:03link do post | comentar | ver comentários (1)
But if the while I think on thee, dear friend / All losses are restor'd, and sorrows end.
Shakespeare

No Bosque Proibido, romance de Mircea Eliade, Stefan refugiou-se do blitz londrino nas estações do Metro. No bolso levava sempre uma edição dos sonetos de Shakespeare, que lia obstinadamente enquanto as bombas caíam. Os Sonnets preservavam-no da ameaça lançada dos ceús. Nessa espécie de esgoto, a poesia fazia a diferença entre ratos e homens.

07
Jul 05
publicado por RAA, às 20:10link do post | comentar
Posted by Picasa

publicado por RAA, às 20:08link do post | comentar
TRADUÇÃO DO SONETO XXX DE SHAKESPEARE

Quando ao foro subtil do pensamento
eu convoco as memórias desta vida
cheia de sonhos vãos, e, revivida,
a velha dor se faz novo tormento;

Então meus olhos baços, num momento,
a mil fontes amigas dão guarida:
volto a sofrer a mágoa já cumprida,
volto a chorar os mortos que avivento...

Então meus olhos duros embrandecem,
passo de pena em pena, e vou somando
a triste soma dos quenão me esquecem,
e da noite sem fim me estão fitando:

Mas se entretanto me lembrar de ti,
perdas não tive, mágoas não sofri.

Horas de Fuga


When to the sessions of sweet silent thought
I summon of rememberance of things past,
I sigh the lack of many a thing I sought,
And with old woes now wail my dear times' waste:
Then can I drown an eye unus'd to flow,
Four precious friends hid in death's dateless woe,
And weep a fresh love's long-since cancell'd
And moan the expense of many a vanish'd sight.
Then can I grieve at grievances foregone,
And heavily from woe to woe tell o'er
The sad account of fore-bemoaned moan,
Wich I new pay as if not paid before.

But if the while I think on thee, dear friend,
All losses are restor'd, and sorrows end.

The Works of William Shakspeare

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