O eruditismo estéril, o puro nonsense, o folclore urbano, um certo olhar sobre a ancestralidade judaica, o arrivismo cultural:
1- Venal & Irmãos publicaram, enfim,o tão longamente esperado primeiro volume das Listas da Lavandaria de Metterling (Edição Completa das Listas da Lavandaria de Hans Metterling, vol. I, 437 pp. mais XXXII pp. de introdução; índice; 18,75 dólares) com um erudito comentário pelo conhecido especialista em Metterling Gunther Eisenbud. «As listas de Metterling»
2- O desenvolvimento da minha filosofia aconteceu como segue: a minha mulher, tendo-me convidado para provar o seu primeiro soufflé, deixou cair uma colher dele no meu pé, fracturando vários ossinhos. «A minha filosofia»
3- Desfolhava eu uma revista enquanto esperava que o meu beagle Joseph K. saísse da sua sessão habitual de cinquenta minutos às terças-feiras com um analista de Park Avenue -- um veterinário jungiano que, a cinquenta dólares a sessão, trabalha corajosamente para o convencer que a papada não é uma desvantagem social -- quando topei com uma frase que captou a minha atenção como se fosse um aviso de um cheque sem cobertura. «Sim, mas a máquina a vapor é capaz de fazer isto?»
4- O número de boletins de faculdade e de anúncios para cursos de adultos que rolam sem cessar na minha caixa de correio convenceu-me de que o meu nome deve constar de uma lista especial de correio para falhados na vida. «Boletim da Primavera»
5- Um homem viajou até Chelm com o objectivo de obter conselho do rabi Ben Kaddish, o mais santo dos rabis do século IX e talvez o maior noodge (1) de toda a Idade Média. «Lendas assídicas com um guia para a sua interpretação da autoria do distinto erudito»
6- É preciso que compreendam que estão a falar com um homem que despachou Finnegans Wake na montanha-russa de Coney Island, penetrando sem dificuldades nos abstrusos arcanos de Joyce, apesar dos violentos solavancos que me fizeram perder os dentes postiços. «Um pouco mais alto, por favor»
7- Estava sentado no meu escritório, a limpar o lixo do meu 38 e a matutar sobre quando chegaria o próximo caso. «O Chefão»
(1) Chato (N. do T.)
Woody Allen, Para Acabar de Vez com a Cultura [Getting Even, 1966], tradução de Jorge Leitão Ramos, 4.ª edição, Venda Nova, Livraria Bertrand, 1981.
Woody Allen, Para Acabar de Vez com a Cultura
(trad. Jorge Leitão Ramos)
Vou aproveitar o alvitre de Ladyce West, autora Peregrina Cultural, de um dos meus blogues preferidos, e postar incipts sensacionais, ou que simplemente me divirtam -- não apenas de romances, não apenas de ficção:
Venal & Irmãos publicaram, enfim,o tão longamente esperado primeiro volume das Listas da Lavandaria de Metterling (Edição Completa das Listas da Lavandaria de Hans Metterling, vol. I, 437 pp. mais XXXII pp. de introdução; índice; 18,75 dólares) com um erudito comentário pelo conhecido especialista em Metterling Gunther Eisenbud.
Woody Allen, Para Acabar de Vez com a Cultura (trad. Jorge Leitão Ramos).
Pelo trailer não se percebe puto, só os tiques allenianos, que vemos em todos os filmes. Há Paris filmada por ele sob o sax soprano de Sidney Bechet. Para além disso, um conto de fadas, puro encantamento, viagens no tempo: a Paris da lost generation (Hemingway, Fitgerald, G. Stein) e dos grande espanhóis (Picasso, Dalí, Buñuel) e, recuando, da Belle Époque: T-Lautrec, Gauguin, Degas interagem com o protagonista. Em busca das míticas idades de ouro, que só o foram no nosso imaginário